terça-feira, 3 de julho de 2012

O USO DAS REDES SOCIAIS NA EDUCAÇÃO por João Mattar

Olhem essa entrevista bacana com João Mattar. Ele é mestre em Tecnologia Educacional (Boise State University), Doutor em Letras (USP) e Pós-Doutor (Stanford University), onde foi visiting scholar (1998-1999). É, também, professor da Universidade Anhembi Morumbi e pesquisador e orientador de Doutorado no TIDD - Programa de Pós-Graduação em Tecnologias da Inteligência e Design Digital (PUC-SP). Autor de diversos livros, presta consultoria, produz material didático e ministra palestras, workshops e cursos em Tecnologia Educacional e Educação a Distância.




1. Você acredita que a utilização de Redes Sociais nas escolas pode facilitar o aprendizado do aluno?  
João Mattar - As redes sociais podem colaborar no processo de ensino e aprendizagem. Entretanto, como o movimento é novo, precisamos de pesquisas que mostrem resultados.

2. Qual a razão pedagógica que justifica o uso de Redes Sociais na educação?  
João Mattar - Há vários motivos para a utilização das redes sociais em educação. Em primeiro lugar, elas são o habitat dos nossos alunos - eles já estão lá. Se de um lado pode haver resistências por parte dos próprios alunos em misturar estudo no lugar em que eles se divertem, de outro lado eles já sabem utilizá-las, estão familiarizados com vários recursos, acessam-nas com frequência, o que facilita atividades realizadas nas redes. Além disso, as redes sociais têm um potencial incrível para gerar interação, que é um dos nossos desejos principais em educação. Além disso, precisamos formar alunos para trabalhar em grupos e em redes, então nada mais adequado do que já fazer isso de uma maneira autêntica.

 3. Na sua opinião, o que explica o fato de algumas redes de ensino proibirem o acesso a redes sociais nas escolas?
 João Mattar - Muitos criticam essas atitudes de escolas e instituições de ensino, como se fossem simplesmente posições retrógradas ou anti-pedagógicas. Mas na verdade não são, porque envolvem muitas outras variáveis. Em primeiro lugar, há uma questão de banda, de capacidade das redes internas das instituições. Muitas não estão preparadas para que todos os alunos entrem no Facebook ao mesmo tempo. Além disso, há uma questão essencial de segurança. Legalmente, muitas redes não podem ser acessadas por crianças de certa idade (apesar de que sabemos que são), então por que a escola deveria facilitar isso? Elas podem ser cobradas pelos pais, inclusive do ponto de vista legal. Há ainda um outro problema - nem todos os professores estão preparados para trabalhar com redes sociais em suas aulas, ou, melhor ainda, em nem todas as disciplinas ou atividades o uso das redes sociais pode ajudar - ao contrário, em muitos casos, podem gerar dispersão nos alunos, o que acaba prejudicando (e não ajudando) a aprendizagem. Então, essas e outras questões precisam ser equacionadas - se não forem, penso que em muitos casos a proibição é até a melhor atitude mesmo.

4. De que forma o educador pode utilizar o Faceboock como ferramenta pedagógica? E o Twitter?
João Mattar- Escrevi há pouco tempo 2 posts sobre o uso do Facebook e do Twitter em educação: http://joaomattar.com/blog/2012/01/17/facebook-em-educacao/ http://joaomattar.com/blog/2012/01/06/twitter-em-educacao/

5. Que dicas você pode dar ao professor que pretende utilizar Redes Sociais como ferramenta pedagógica?  
João Mattar - Bom, como no caso do uso de outras tecnologias, ferramentas, interfaces e plataformas em educação, o professor precisa ser formado. Portanto, a dica principal não seria para o professor, mas para as instituições de ensino - elas precisam estabelecer programas de formação continuada de professores, aliás não apenas para o uso de tecnologias em educação. Esses programas devem combinar atividades presenciais e à distância, mas há uma questão trabalhista e profissional a ser levada em conta: isso precisa ser feito no tempo de trabalho do professor, ou seja, nos horários em que ele é remunerado. Não é justo jogar um monte de coisas para o professor fazer de madrugada, no final de semana, quando ele já está atolado de coisas para fazer. Para os professores especificamente, eu diria que eles precisam se atualizar. Como? Lendo e participando de eventos e cursos. É importante buscar orientação com pessoas que já são experientes na área, que realizam pesquisas, que publicam, que mostram o que estão fazendo, porque hoje todo mundo acha que sabe formar professores para o uso de tecnologias, às vezes só porque aprendeu a usar um programa! É importante que esse processo de formação inclua tanto a reflexão sobre a prática pedagógica do professor, quanto o aprendizado (tecnológico mesmo) do uso de ferramentas e o estudo de casos em que essas ferramentas foram usadas em educação. É preciso combinar todas essas perspectivas na formação, senão ela não funciona - ou fica excessivamente teórica, ou se torna uma aula de mexer em um software.

fonte: Site Educação e Tecnologia

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